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sábado, 18 de dezembro de 2010

Da ação a obra



DA AÇÃO E DA OBRA


O que deves é ser ativo e trabalhar no caminho, até onde a força e aptidão permitirem que ajas e trabalhes dentro de ti.
Quando estiveres unido ao teu Deus, toda a tua vida será, então, uma única obra e ação; tu mesmo serás ação e obra!
"Deus" é um fogo vivo!

Nele, tudo que apodrece e estagna na inação, é destruído. A Vontade do Espírito não pode "gerar-se" em ti, para aí se tornar o teu Deus, se não és agora tão ativo como se já estivesses unido a Ele. . .
Teu Deus será um Deus de força e audácia, e jamais um Demônio de desejos impotentes e dilacerantes angústias.
Oxalá, teu amor sempre esteja em ação tão fecunda, como o Espírito que, em incessante obra, eternamente se fecunda a si mesmo!
Mas como podes esperar unir-te a teu Deus, se teu amor d'Ele
se afasta?!
Só chegarás a comungar com teu Deus, quando estiveres preste a realizar a União d'Ele contigo, porque o Deus Vivo não é um Deus de sonhadores ou de visionários!
Somente em almas já despertas é que lhe é possível "gerar-se". Sua Luz é por demais radiosa para que as almas crepusculares possam suportá-la.
Une, então, as forças de tua alma e prepara-te para uma ação suprema!
Cumpre tudo o que tens de fazer aqui, na Terra, e age tanto quanto humanamente te é possível!
Deste modo, livre de receios, um dia encontrará teu Deus - e é em ti que encontrarás teu Deus Vivo.
Tu não estarias vivendo se a "Vida", que é "ação" do Espírito , não estivesse agindo em ti. . 
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Tua vida é tão-somente "eterna", porque toda "ação" do eterno Espírito, tanto quanto Ele, é eterna.
Tu és, entretanto, temporário, estando em manifestação temporal neste mundo terrestre, e teu dever terrestre é lapidar  o temporal no temporal que te rodeia, assim como tu és eternamente lapidado no eterno pelo eterno!
“Só pelo trabalho incessante em ti mesmo, poderás considerar-te experimentado, e segundo as exigências da alta direção que te guia, será dentro da ação que hás de ser preparado, se quiseres” que teu Deus "nasça" em ti.
 



DA SANTIDADE E DO PECADO



Aqueles que deveras conhecem os derradeiros fins, têm demonstrado, em todas as épocas, certo desdém pela vaidade e a falsa humildade dos “santos-homens"; não obstante saberem fazer distinção entre as gabolas de virtudes e as almas realmente grandes que algumas vezes, são qualificadas de “santos". .
 .

Procuram eles Homens altivos, Homens que saibam viver com cabeça erguida,e não miseráveis, mendigando às portas dos esplendor divino, nem almas dolentes por penitências!
Querem eles ver Homens que saibam moldar sua vida à guisa de obra-de-arte, e não os que sucumbam sob seu peso, como as bestas de carga sob seu fardo.
A quem as culpas e os pecados são capazes de afastar do caminho, indigno será de cingir a coroa de louros!
Quem quer combater até alcançar a grande Vitória, não deve importar-se com a poeira que todos os dias macula sua roupa. . .
Aquele que andam sempre pensando em tirar as manchas do seu paletó, não demorará muito a perder de vista seu alvo supremo. . 
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Naturalmente, não aconselho ninguém a chafurdar na lama, mas, se quiseres alcançar tua meta, terás de te libertar das preocupações com a poeira e pequeninas impurezas às quais, cada dia, ao longo da estrada, tuas roupas estarão sujeitas.
Teu pé escorregará sempre no mesmo lugar, tua atitude será sempre indecisa, se deixares te afligir com as faltas que, aliás, jamais te será possível completamente evitar.
Quanto ao “santo-homem", assemelha-se a quem, ao torcer os tendões, jaz impotente no caminho, sonhando, de olhos abertos, que voa.
Ah! Antes preferiria-te ver afundando até o pescoço em culpa e pecado do que alguma vez enfrentar o perigo de ver-te ornado tal "santo-homem"!
O melhor da tua força fica perdido ao quereres imitar um “santo-homem" e, sobretudo, ao procurar manter-te "livre de todo o pecado”.
        Ficarás incapacitado de empregar tuas forças, se tuas preocupações constantes se limitam a evitar todo erro, pois, na ocasião em que realmente decidires entregar-te à ação, sem querer cairás tanto no erro como no pecado.
Todavia, como o pó do mármore que cobre o atelier do escultor não pode de modo algum 
diminuir o valor da sua obra de arte, assim teu "Eu", que te esforças para esculpir na "pedra bruta", não será depreciado pelo fato de o pó e o cascalho se acumularem em volta, até que, por fim, sua forma aparece, nítida em toda sua pureza, sob a ação do teu cinzel.
          Esquece o “pó" e o "cascalho" do atelier e só pensa na "obra" de alta beleza e 
durabilidade que hás de fazer da tua existência!
E, quando no teu caminho tropeçares sem querer e cair muito baixo levanta-te depressa e esquece que alguma vez caíste!
E, caso tua vontade de induza a cair, não deve haver outra preocupação a não ser essa de levantar-te imediatamente!
É inútil o teu "remorso" depois da queda, ao passo que um levantar enérgico ajudará a adquirir proteção, ensinando-te a evitar, obstáculos, para que a queda não mais se repita. 
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Em verdade, quem está seguro de trazer em si força para se levantar após a queda, progride melhor do que quem sempre, angustiado, vive se esforçando para evitar cuidadosamente todo passo em falso !
Nada pode no teu caminho prejudicar-te, a não ser o receio de repressão das forças por uma falta cometida e, por sua vez, esta repressão só nasce do teu temor.
Segue avante, com amor e livre de qualquer receio-mas que teu amor não consuma as forças de resistência, tão necessárias à tua ascensão.
Sê bom sempre para com tudo que vive, mas para um tigre a bondade é uma arma bem apontada, pois não deves fazer sofrer a quem por necessidade tens que destruir!
Tua bondade e teu amor devem ser livres, pois, do contrário, tornar-se-ão vícios!
Livre é só aquele que se faz livre!
Nenhum "deus" exterior, de além das estrelas, tal como tua imaginação o pintou poderá libertar-te!
Por isso: ajuda-te a ti mesmo e serás também amparado por te Deus -teu Deus que, em ti, "se formará" um dia!
Por ti forjaste teus fantasmas e por ti mesmo terás de destruí-los!
Muitas coisas ainda te parecem "culpas" e "pecados", mas que, de fato não merecem esse estigma infamante; entretanto, há outras que as consideras superficialmente e nas quais mesmo instaladas tua "virtude'" quando são elas precisamente, as tentações que te arrastam para a perda. . .
Nunca deves buscar a "tentação", mas também de maneira alguma imitar o "santo-homem", que enfeitiçou seu olhar a tal ponto que só vê "tentações" em seu redor.
De cabeça erguida, vai seguindo o caminho e sabe que não podes ser melhor protegido que quando és capaz de confiar em ti mesmo!
Então, nenhuma "culpa", nem um "pecado" poderão impedir tua marcha; até que amparado pelas forças do Alto, atingirás um dia o alvo que está dentro de ti!
Contudo, advirto e aconselho-te:
Antes procurar o erro e o pecado do que aspirar à "santidade"!





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